3.12.07

Quem disse que o socialismo se foi com o muro de Berlim?

Depois de um ano Lula continua seu socialismo populista neoliberal e Chávez continua seu socialismo populista neandertal.
Hoje Guido Mantega deu entrevista no Roda Viva e disse que "só um grande líder como Lula pra conseguir conciliar as classes" e dirigi-las harmonicamente rumo ao interesse nacional. Tinha certeza que foi Vargas quem disse isso.
Mas pelo menos Chávez perdeu algum referendo/plebiscito/votação na Venezuela. Assim, relativizo o termo neandertal. Ainda há esperanças.

5.12.06

Sempre um homem no deserto

Lá vai o homem do deserto.
Conhece em profundidade mistérios da humanidade.
Conhece satisfatoriamente a arte da pulsão de vida.
Controla a seu bel-prazer a angústia da pulsão de morte.
Escreve a respeito da dor e do prazer como escreveria um poema tolo.
Respira a existência hiper-sensível ultra-experienciada.
Resvala-se na multidão acumulada ao redor.
Alegra-se em conjunto e pranteia em solidão.
Divide suspiros em momentos de insensatez.
Guarda carinhosamente a derrota em se tratando de amor.
Manuseia máscaras como em belos carnavais de outrora.
Lá vai o homem do deserto.
Sempre um homem no deserto.

17.11.06

It's december

à minha Lou Salomé


It’s the beginning of december
Time when the flowers bloom
But there’s a little flower
That will bloom in other fields
Fields full of colours
Empty of love by me


In my tender age I feel as one
And she feels as the whole world
Oh, God, leave her a kiss of mine
Leave her a kiss of mine
On her sweet cheek
On her marvelous mouth


Wonderful summer butterfly
That passed by me and didn’t say goodbye
Found a shelter for the winter
So far away from my view
Found a shelter for her heart
In another heart, not mine

11.11.06

Ser e tempo na pós-modernidade


Sinto o tempo passar. Faz algum número grande de dias que escrevi aqui. Não que não tenha efemérides para publicizar. Na verdade, seria o contrário. Sou, agora, a própria efeméride. Já não consigo sequer escrever sobre o efêmero desde então.

Olho para dois anos atrás. Quatro anos. Seis meses. Seja qual for o tempo em retrospecção, sou-me outro. Ou seja, já não sou-me. Sou algo. Sou-me sem ser-me. E amanhã serei um outro mais.

Os relógios derretem, mas o tempo perdura: presente perpétuo que me faz ser um a cada dia e ninguém ao longo da existência.

28.10.06

Transcendental e Absoluto em dois segundos

Falar sobre o efêmero é falar sobre a eternidade. Sim, pois o efêmero é toda a Realidade. O Vivo, o Absoluto, o Transcendental é tudo aquilo que amanhã de manhã já não existirá mais. Tudo o que será passado no instante seguinte é o futuro que nunca alcançaremos. Isso serve de consolo: meu dia hoje não teve nada. Alcancei o Absoluto. Transcendi sem sair do quarto. Agora vou fazer xixi.

12.10.06

Mais do mesmo - modificado

O mesmo modificou-se para acompanhar a contemporaneidade. O fascismo tem sua versão neo; o populismo também, assim como o liberalismo. É assim que identifico nos dois candidatos do segundo turno presidencial apenas o reaparecimento do retrocesso: ambos são neo-liberais. Contudo, Alckmin encarna em sua candidatura-chuchú aquilo que Boaventura Sousa Santos chama de fascismo societal - um neo-fascismo que ultrapassa os limites do fascismo político de Mussolini e alcança o mais profundo tecido moral de uma sociedade. Decidi, então, que é melhor votar no projeto neo-populista do sapo barbudo. No primeiro turno anulei meus votos votando na legenda 99 (com excessão do voto dado em Wagner-13 para governador com o intuito único de derrotar o carlismo) por considerar o voto em primeiro turno um voto de concordância programática - a qual não tenho com nenhum projeto político existente hoje em nosso país. No segundo turno, no entanto, vale o voto estratégico, não-passional, racional. E é aí que o projeto do lulismo com toda a sua mediocridade intrínseca consegue ser ainda melhor do que o projeto neo-fascista societal. Voto Lula, voto 13. Argh! Como me dói dizer isso...